Beleza  //  21.06.2016

Uma história do lado daí – Michelle Fagundes (Transição, BC e Aceitação)

Oooooi meus amorxs! Tudo bom com vocês?? Prontxs para um post bem maravilhindo daqueles que a gente pega a pipoca e senta p ouvir as histórias de vocês? Então lá vai! Hoje a gente vai conhecer a Michelle, que é um amor e fez o BC há pouquíssimo tempo. O resto ela te conta :* Está emocionante.

Eu devia ter uns 10 anos quando minha mãe relaxou o meu cabelo pela primeira vez. A ideia era somente facilitar na hora de penteá-lo, o meu cabelo era muito volumoso e eu me lembro de não ter muita paciência na hora de cuidar dele. Nunca tive problemas com a minha cor, com os meus traços, com a minha origem. Sempre me aceitei como negra. Naquele momento eu só queria experimentar aquele produto que prometia “soltar os meus cachos”, como se eu precisasse disso.
As pessoas começaram a falar que meu cabelo estava melhor, que estava lindo e eu me sentia bem com isso.  Continue relaxando meu cabelo até os 17 anos. Lembro que minha cabeleireira sempre me dizia: “Por que você não faz escova progressiva? Ele vai ficar lindo!” Eu não queria fazer progressiva, não queria agredir ainda mais o meu cabelo que naquela época já estava bem desgastado. Mas eu pensei que talvez assim ele pudesse ficar com um aspecto melhor e resolvi que faria. Por 2 anos fui adepta a essa prática, não fazia nenhum outro tratamento em salão para que pudesse amenizar os danos que meu cabelo sofria e ele foi enfraquecendo cada vez mais.

Quando fiz 19 anos resolvi parar de usar química, decidi que deixaria meu cabelo crescer, que voltaria a ser quem eu era, de fato. Naquela época eu nem sabia o que deveria fazer, como cuidar do meu cabelo tendo duas texturas diferentes. Por esse motivo acabei abandonando essa primeira transição após alguns meses. Eu não queria cortar a parte com química, não queria meu cabelo curto, aquela ideia me assustava. Fiz progressiva mais uma vez e descobri que teria que cortar o meu cabelo um pouco acima dos ombros, querendo ou não, porque ele estava muito danificado e despontado. Ele estava horrível! Aquilo só reforçou minha vontade de parar definitivamente de usar produtos químicos. Eu não queria mais aquilo, não queria mais ter que mudar a estrutura do meu cabelo. Na verdade eu já sequer sabia o porquê daquilo tudo.

Eu já era uma jovem, não teria mais dificuldade de pentear o meu cabelo como quando eu era criança. Então por que eu continuava insistindo em alterar as características naturais do meu cabelo? Eu não precisava daquilo! Eu decidi ser eu mesma novamente. Decidi aceitar o meu cabelo, sem medo de como seria o processo da transição.
Dessa vez busquei ajuda, procurei uma amiga que tinha o cabelo natural e contei a ela que eu queria resgatar o que havia perdido. Ela me apoiou na hora e me disse coisas que só fortaleceram minha vontade. Me falou sobre um grupo de pessoas que estavam passando ou que já haviam passado pelo mesmo processo. Que lá eu poderia tirar minhas dúvidas e entender melhor como faria para que dessa vez eu conseguisse, de fato, passar pela transição.
Quando entrei no grupo me senti muito acolhida, muitos ali me deram apoio, me contaram suas histórias, me fizeram ver que era possível passar pela transição e que no final eu iria me sentir transformada.

Minha transição durou quase 4 meses, no decorrer do processo eu fui cortando meu cabelo aos poucos e fazendo texturização. Chegou um momento em que eu senti vontade de fazer o BC (big chop), que consiste em tirar toda a parte com química. Eu mesma cortei meu cabelo. Foi um momento de libertação. Eu não sabia como ficaria, mas sabia que era o momento certo. Eu só conseguia sorrir em frente ao espelho, meus cachos ainda não estavam muito definidos, isso viria com o tempo, mas eu estava radiante. Eu estava livre. Era um novo começo, uma nova fase de aceitação. Eu me redescobri.

É incrível como um processo como esse vai muito além da estética, eu me sentia diferente por dentro, eu estava resgatando minhas origens e não há palavras para definir o quanto isso é precioso. Passei a amar ainda mais a minha cor, os meus traços. Eu estava mais confiante, mais feliz, mais motivada. As pessoas ao meu redor começaram a perceber isso e a dizer que eu estava linda, que assumir minha verdadeira identidade havia sido algo nitidamente maravilhoso e que dava para notar muitas mudanças em mim. Lembro-me que meninas vieram me pedir dicas de como passar pelo processo e isso foi algo que me tocou profundamente. Eu percebi que agora eu também era um exemplo. Que eu poderia ajudar outras pessoas a passarem pelo mesmo processo e isso foi muito gratificante.

Se passaram quase dois meses e meio desde o dia que realizei meu BC e nesse tempo meu cabelo apresentou um crescimento além das minhas expectativas. A cada dia eu me sinto mais feliz com a minha escolha. Amo o meu cabelo do jeitinho que ele é. Não ter receio algum em sair com ele nos dias em que ele está mais definido e nos dias em que ele não apresenta definição. Deixei fluir a minha essência e não me importo com o que as pessoas vão pensar ou falar, porque, de fato, não faz diferença alguma. O cabelo é meu e ele é lindo por ser meu.

Eu não preciso seguir os padrões que a mídia impõe, essa crença de que há um tipo de cabelo ideal é totalmente equivocada. O ideal é se sentir bem e se eu me sinto bem com o meu cabelo e é isso que importa. Não importa se você tem o cabelo liso, cacheado, crespo, alisado: o que importa é você olhar no espelho e estar satisfeito com o que vê, é amar a si próprio, suas origens, suas crenças. Não temos que ser influenciados pela mídia, pela sociedade, por ninguém. A única coisa que deve nos influenciar somos nós mesmos.

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Ultima progressiva – Agosto 2015

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Transição – Dezembro 2015

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Pós BC – Abril 2016

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Natural – Maio 2016

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Natural – Junho 2016

– PAUSA PARA ENXUGAR AS LÁGRIMAS –

Essa foi forte, enh?! Eu me senti muito representada pelo discurso da Mi e sou muito grata por ela topar compartilhar conosco sua experiência. Muito do que ela falou eu já conversei com vocês aqui ou no canal e essa é a maior prova de que não estamos sós. Vamos juntas?

Espero que vocês tenham gostado, um beeeeeeeeijxs e até a próxima :*

Joicy Eleiny
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2 Comentários em “Uma história do lado daí – Michelle Fagundes (Transição, BC e Aceitação)”
  1. Michelle Fagundes Soares   23 jun 2016 // 10h37

    Fico muito feliz por pode compartilhar minha história.
    É tão maravilhoso o processo de aceitação. Esse amor próprio que domina e muda tudo.
    Como você falou, de fato, não estamos sozinhas.
    Viva a resistência! ❤

  2. Ana Paula   23 jun 2016 // 10h24

    Conheço a Michelinha desde pequena. E a última vez que a vi, percebi a mudança nos seus cabelos !! E fui uma das pessoas que disse que estava mais linda ainda. Independente de como esteja o seu cabelo (liso, chacheado, roxo, branco, curto ou longo…) o importante é respeitar suas verdadeiras vontades e não se influênciar pela massa. Que venham os lisos, ondulados, cacheados ou crespos, mas sobretudo o respeito ao próximo em poder ser livre nas suas escolhas. Amo adooooro!!

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